Fiz até o quarto ano de Medicina. Quando pagava Psiquiatria, o professor levou a turma para ouvir o depoimento de um paciente que saía de uma crise psicótica.
O paciente não estava totalmente curado, mas tinha alguma consciência do que passara. Contou uma série de detalhes que eu já esqueci. Mas me lembro do que disse para explicar como se livrara de um delírio: “Torei a escuridão”.
“Torar a escuridão”. Isso é uma imagem (uma representação figurada), mas ele lhe atribuía um sentido literal. Explica-se: o psicótico não sonha nem metaforiza (é a chamada delusão). Para ele, “torar a escuridão” é mesmo quebrar alguma coisa escura…
Isso me fez pensar que a loucura é uma poesia doente, assim como a poesia é uma loucura sã.
Chico Viana, vc se superou com esse texto.Adorei.
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Obrigado, Lourdes.
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Obrigado!
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