A imagem é o ingrediente fundamental da poesia, que se define como um discurso por imagens. Mas ela também aparece na prosa e mesmo no discurso cotidiano, informal. Um dos seus papéis, nesse caso, é concretizar noções abstratas.
Quando explico isso em classe, costumo dar como exemplo um instrutor de autoescola que quer mostrar ao aluno a melhor maneira de segurar a direção. Ele pode dizer mais ou menos o seguinte: “Considere que a direção é uma esfera cortada por duas linhas, uma longitudinal e outra transversal. Suas mãos devem se apoiar na parte superior dessa esfera e se afastar cerca de 10 graus do eixo longitudinal…”.
O aluno, claro, não ia entender coisa nenhuma e talvez procurasse outra autoescola.
Suponha agora que, em vez daquela explicação abstrata, o instrutor disesse: “Dirija em dez e dez”. Pronto. Fez-se a luz. A analogia com os ponteiros do relógio marcando dez e dez dá ao aluno a imagem nítida, concreta, de como ele deve posicionar as mãos no volante.
Só de teimoso ele vai, por exemplo, dirigir em “seis e meia”… Mas aí a culpa já não será do instrutor.