Nostalgia e melancolia

Nostalgia e melancolia não são a mesma coisa. Distinguem-se em pelo menos três pontos:

1 – A nostalgia é a saudade do que se teve. A melancolia é a saudade do que não se teve.

2 – A nostalgia é histórica, não existe sem uma prévia convivência com o objeto perdido. A melancolia é mítica; o objeto perdido, nesse caso, é sobretudo um ideal.

3 – A nostalgia pressupõe uma perda. A melancolia pressupõe uma falta.

Exemplo de nostalgia: Gonçalves Dias na “Canção do Exílio”. O poeta está em Portugal e tem saudades do Brasil, onde viveu.

Exemplo de melancolia: Augusto dos Anjos em poemas como “As cismas do Destino” ou “A ilha de Cipango”, nos quais fantasia o mítico retorno à “Pátria da homogeneidade” (que é um espaço ideal, onde obviamente ele nunca esteve).

Publicado por Chico Viana

Chico Viana (Francisco José Gomes Correia) é professor aposentado da UFPB e doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua tese, publicada com o título de O evangelho da podridão; culpa e melancolia em Augusto dos Anjos, aborda a obra do paraibano com o apoio da psicanálise. Orientou cerca de 37 trabalhos acadêmicos, entre iniciação científica, mestrado e doutorado, e foi por dez anos pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Desde muito jovem começou a escrever nos jornais de João Pessoa, havendo mantido coluna semanal em A União e O Norte. Publicou cinco livros de crônicas.

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