Luis Fernando Veríssimo escreveu numa crônica que nunca tinha usado o ponto e vírgula por não entender bem para que ele servia. A observação do escritor gaúcho, que é antes uma blague contra os gramáticos e puristas, sugere-nos algumas reflexões sobre a arte de pontuar. Ela tem a ver com um dos atributos fundamentais daContinuar lendo “Pontuar”
Arquivos mensais:outubro 2019
O homem e a imortalidade
Cientistas estão desenvolvendo pesquisas para nos tornar imortais. Não sei se a imortalidade seria boa para nós. O fim é que dá sentido ao começo, e sem a morte não há como entender a vida. Aspiramos à eternidade como uma fantasia que se contrapõe ao nosso desamparo e às nossas inquietações; vivenciá-la fora do planoContinuar lendo “O homem e a imortalidade”
Pinker e o estilo clássico
“Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, beleza e precisão” (Editora Contexto) é das melhores coisas que li sobre a arte de redigir. Com base em postulados da neurolinguística, o autor nos apresenta os princípios do chamado “estilo clássico”. Entre as diretrizes desse estilo está o emprego da ordem direta, a fugaContinuar lendo “Pinker e o estilo clássico”
Arcaísmos
Essa história aconteceu no tempo do ronca. Conta-se que um mancebo sem eira nem beira propendia a namorar uma donzela de truz. Para isso usava toda a sua léria, mas o pai da moça se opunha por achar que ele era um mandrião. Não se ocupava em nada que lhe trouxesse algum tipo de estipêndio.Continuar lendo “Arcaísmos”
Sobre a queixa
Toda queixa é agressão. O queixoso agride invocando a própria infelicidade para provocar culpa nos outros. Ao atribuir aos outros a responsabilidade por seu sofrimento, exime-se de resolvê-lo por si mesmo. Ele cultiva uma espécie de espécie de narcisismo masoquista, que só faz perdurar a aflição. Não se importa de sofrer, contanto que torne visívelContinuar lendo “Sobre a queixa”
Modernidade
— Minha mulher me traiu! — Procure alguém e dê a ela o troco, ora! — Como? Foi com o meu namorado!
A palavra mais longa
A revista Língua Portuguesa (Segmento) fez uma pesquisa para saber qual a maior palavra do português. Quem pensou que ganharia “anticonstitucionalissimamente” se enganou. Essa ficou em segundo lugar, com 29 letras. A campeã foi “pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico”. Ela tem 46 letras e designa “quem caiu doente por aspirar cinzas de um vulcão”.
Escrever e pensar
A gente pensa para escrever ou escreve para pensar? As duas coisas. O propósito de dizer algo faz com que persigamos o que deve ser dito, e isso ativa o fulcro das ideias. Assim, pensamos mais. O esforço tem também a vantagem de nos conduzir a verdades até então inconscientes.
Van Gogh
Uma das funções da arte é reinventar a Natureza. É infundir-lhe alma, tornando-a uma representação dos conflitos humanos. Em poucos artistas se vê isso com tanta eloquência como em Van Gogh. É surpreendente a energia com que o pintor representa flores, objetos, figuras humanas. Ele procura captar não a aparência reconhecível, mas a dimensão profundaContinuar lendo “Van Gogh”