Nada como invocar Machado (sempre ele!) para explicar o Brasil. O país está me lembrando a Itaguaí do conto “O alienista”. Com adaptações, claro (e para pior). Onde na novela se lê doudo (grafia machadiana), leia-se corrupto.
Moro seria Simão Bacamarte, que pretendia colocar os doudos da cidade na Casa Verde (um hospício, por sinal, bem mais salubre do que os atuais). Mas eram tantos os doudos que, com o tempo, havia mais deles dentro do que fora do hospício.
A solução? Mudar os critérios, claro, pois a maioria é que firma o consenso. Elaborou-se então um equivalente à lei do “abuso de autoridade” para enquadrar o Dr. Simão e os que ele considerava sãos (honestos). Funcionou. Os doudos deixaram a Casa Verde, e os que estavam fora acabaram trancafiados nela.
Itaguaí é uma espécie de microcosmo, e nada impede que o que houve lá ocorra por aqui.