Pelo que ouvi de médicos infectologistas, as máscaras só deveriam ser usadas por portadores do vírus. Poucos, no entanto,vêm atendendo a essa restrição. O resultado é que têm faltado máscaras para quem de fato delas necessita – como o pessoal da Saúde. Não convém abusar desses higiênicos tapumes, que às vezes também funcionam como um depurador estético; há quem fique menos feio com elas. Nossas autoridades têm considerado a máscara uma espécie de símbolo da seriedade com que estariam tratando a pandemia. Mas é preciso portá-las com dignidade, do contrário o efeito é pior. Máscaras que ficam caindo, são indevidamente manuseadas ou se prendem a uma orelha só indicam oportunismo e improviso. Podem até fazer seus portadores perderem a popularidade.
Notas sobre a pandemia (4)

Publicado por Chico Viana
Chico Viana (Francisco José Gomes Correia) é professor aposentado da UFPB e doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua tese, publicada com o título de O evangelho da podridão; culpa e melancolia em Augusto dos Anjos, aborda a obra do paraibano com o apoio da psicanálise. Orientou cerca de 37 trabalhos acadêmicos, entre iniciação científica, mestrado e doutorado, e foi por dez anos pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Desde muito jovem começou a escrever nos jornais de João Pessoa, havendo mantido coluna semanal em A União e O Norte. Publicou cinco livros de crônicas. Ver mais posts