Quando eu coordenava o projeto de pesquisa “A Sombra em Eros: imagens da melancolia em escritores brasileiros”, apoiado pelo CNPQ, tive a oportunidade de organizar a coletânea “O rosto escuro de Narciso; ensaios sobre literatura e melancolia”. Nela, além de textos de alunos da pós-graduação em Letras da UFPB, constam uma introdução por mim assinada; um ensaio do professor Jaime Ginzburg; e um Depoimento do escritor Moacyr Scliar.
Scliar acabara de lançar um ótimo livro sobre o tema — “Saturno nos trópicos: a melancolia europeia chega ao Brasil” —, em que vincula a “atmosfera melancólica” ao início da modernidade, “período que coincide aproximadamente com o Renascimento (e) é caracterizado pelo paradoxo: progresso científico, intelectual e artístico de um lado, guerras e doenças de outro” (curiosamente essa polaridade existe no momento atual, com os negacionistas tentando obstacular o progresso representado pelas vacinas que vão livrar a humanidade do corinavírus).
Sabendo que eu estava organizando a obra, o escritor gaúcho generosamente atendeu nosso pedido e nos enviou o referido Depoimento, que é um resumo das ideias que ele desenvolve no seu livro sobre a melancolia nos trópicos.