Hoje, 20 de abril, Augusto dos Anjos completaria 137 anos. Seu único livro, “Eu”, foi recebido com estranheza devido à sua singularidade. No entanto, mesmo quem se surpreendeu com a sonoridade áspera e o vocabulário por vezes impenetrável, viu naqueles versos as marcas de uma poesia vigorosa e, a seu modo, bela. O “Eu” surgiu num momento em que Parnasianismo e Simbolismo conviviam, mas a rigor não se filia a nenhuma dessas escolas. Os historiadores terminaram incluindo-o no Pré-Modernismo. Augusto fala em morte, vermes, esqueleto, mas também tem olhos para o espetáculo da vida. Em muitos de seus poemas longos, às elucubrações tristonhas sucede a descrição do nascer do sol, que injeta seiva em plantas e bichos. O poeta se entusiasma com os fenômenos vitais e vê o homem, a despeito da mágoa (mácula) que o deprime, como um produto da energia recriadora da Natureza.
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