Hoje, 20 de abril, Augusto dos Anjos completaria 137 anos. Seu único livro, “Eu”, foi recebido com estranheza devido à sua singularidade. No entanto, mesmo quem se surpreendeu com a sonoridade áspera e o vocabulário por vezes impenetrável, viu naqueles versos as marcas de uma poesia vigorosa e, a seu modo, bela. O “Eu” surgiu num momento em que Parnasianismo e Simbolismo conviviam, mas a rigor não se filia a nenhuma dessas escolas. Os historiadores terminaram incluindo-o no Pré-Modernismo. Augusto fala em morte, vermes, esqueleto, mas também tem olhos para o espetáculo da vida. Em muitos de seus poemas longos, às elucubrações tristonhas sucede a descrição do nascer do sol, que injeta seiva em plantas e bichos. O poeta se entusiasma com os fenômenos vitais e vê o homem, a despeito da mágoa (mácula) que o deprime, como um produto da energia recriadora da Natureza.

escritossobreaugustodosanjos.wordpress.com

Publicado por Chico Viana

Chico Viana (Francisco José Gomes Correia) é professor aposentado da UFPB e doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua tese, publicada com o título de O evangelho da podridão; culpa e melancolia em Augusto dos Anjos, aborda a obra do paraibano com o apoio da psicanálise. Orientou cerca de 37 trabalhos acadêmicos, entre iniciação científica, mestrado e doutorado, e foi por dez anos pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Desde muito jovem começou a escrever nos jornais de João Pessoa, havendo mantido coluna semanal em A União e O Norte. Publicou cinco livros de crônicas.

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