Verdades? Nem sempre.

As pessoas dizem: o importante é ser feliz. Mais importante, a meu ver, é aprender a contornar a infelicidade.

Falam que é preciso tentar coisas novas. Nem sempre. O necessário

é tirar sábias lições das coisas velhas para resistir às armadilhas do falso novo; nem toda novidade representa um acréscimo importante para nós.

Apregoam que é fundamental crer num outro mundo, pois no amor a Deus está a fonte do amor ao homem. A verdade é que uma coisa pouco tem a ver com a outra. A inspiração para amar o semelhante deve vir do próprio homem. Às vezes o dito “amor a Deus” é sobretudo um meio de se fortificar interiormente para cometer ações que nada têm de altruístas. Pode ser uma forma de se considerar autossuficiente e não sentir culpa por isso.

Publicado por Chico Viana

Chico Viana (Francisco José Gomes Correia) é professor aposentado da UFPB e doutor em Teoria da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em sua tese, publicada com o título de O evangelho da podridão; culpa e melancolia em Augusto dos Anjos, aborda a obra do paraibano com o apoio da psicanálise. Orientou cerca de 37 trabalhos acadêmicos, entre iniciação científica, mestrado e doutorado, e foi por dez anos pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Desde muito jovem começou a escrever nos jornais de João Pessoa, havendo mantido coluna semanal em A União e O Norte. Publicou cinco livros de crônicas.

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